sábado, 10 de dezembro de 2011

Sociedade

Sinto-me rodeada de pessoas que a todo instante estão prontas para vomitar suas gafes, extremismos e equívocos. Não há neste mundo a ponderação e busca por uma conduta baseada no equilíbrio e focada no respeito.
Para todos aqueles engajados politicamente há sempre pontos em que a ignorância reina, suas convicções os cegam e deixam de pensar no bem comum coletivo (e quando digo coletivo, penso naquela senhora de 83 anos que vive em uma casinha de madeira com seu fogão a lenha, penso na criança de 8 anos que estuda em escola particular e que, sem saber, sofre preconceito por fazer parte de uma elite intelectual e econômica, penso naqueles que passaram a vida inteira no mesmo emprego com R$500 pila na carteira de trabalho, ou aqueles que passaram a vida inteira com dinheiro da previdência por invalidez) a amplitude desta pluralidade social causa essa dificuldade de ponderação que antes citei. Em algum momento, todos, sofreram preconceito, eu, você, todos nós já fomos criticados por um grupo social diferente do nosso.
Tendo ciência de que comumente irei me deparar com esses exageros, gostaria de abordar aqui um exemplo disso, a infeliz exposição de um fulano, chamado Silvio Koerich, que em sua tentativa de encomodar, sim, só é possível imaginar esse objetivo, não acredito que ele buscava seguidores ou apoiadores em uma visão tão distorcida da sociedade, sobretudo, uma visão tão generalizada e violenta com relação a mulher. Colocou em seu blog, diga-se de passagem, inovador e visualmente bem humorado um texto sobre as mulheres baladeiras, dizendo que valem menos do que prostitutas.
Bom, até ai tudo bem, concordei com ele ao ler o título do texto, iniciei a leitura dando o maior apoio ao cara. As mulheres baladeiras não respeitam seu corpo, não pensam que estão denegrindo a imagem de todas nós, mulheres, não pensam que um dia poderão ser mães, e que, muito provavelmente levarão a diante esta falta de integridade, caráter, indole e respeito, consigo e com os outros. E serão com certeza pragas disseminando a futilidade, a vulgaridade e as atitudes de má fé (essa vale para as "marias-gasolinas"). Porém em dado momento o cretino resolve generalizar, e pior, criticar o que ainda resta neste mundo de bom, a educação.
Dizer que mulheres estão cursando graduações em Ciências Humanas e que estes nada acrescentam de bom ao mundo foi um de seus primeiros e gigantes erros. A humanidade só conseguiu evoluir em grupo (em bando) a partir do momento que passou a entender-se. O líder espiritual das milenares tribos indígenas nada mais eram do que os ostentadores da habilidade de guiar seu povo, essa habilidade é uma ciência humana. Os primeiros filósofos, a educação em massa, foram fundamentais para a evolução humana. Se não tivessemos tido um primeiro professor, em um primeiro grupo de pessoas, nós estaríamos até hoje sem manusear o fogo e sem construir a roda.
Dizer que mulheres não prestam nem mesmo para entrar em sala de aula, e estão nas escolas apenas para descarregar seus problemas emocionais nos alunos, foi pesado demais.
Sou professora e tive uma vida de dedicação a isso. Desejo do fundo do meu coração contribuir para a construção de uma sociedade melhor.
Estou extremamente ofendida com o Sr. Silvio Koerich e lamento muito sua existência. Saber que diversas professoras passaram por ele, muitas, muitas delas depositando carinho e atenção para com o Silvio. Elaborando provas, pesquisando formas de ajudá-lo a aprender aquele conteúdo que apresentou dificuldades, ouvindo-o, e quem sabe, ajudando-o a resolver problemas de cunho pessoal. Sim, muitas professoras o amaram e o ensinaram. Para hoje, ele escrever em um Blog de layout divertido, coisas horríveis sobre as mulheres, sobre as ciências humanas e sobre a docência, diga-se de passagem apoiando os estupradores.

Enquanto alguns lutam para salvar a sociedade, aparecem Silvios em nossas vidas, querendo estragar tudo, seriais killers, assassinos, ladrões, bardeneiros, ignorantes, mas principalmente recalcados que possuem uma visão distorcida do que é viver.

http://www.silviokoerich.com/