quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Palavra

De todas as artes a mais bela, a mais expressiva, a mais difícil é sem dúvida a arte da palavra. De todas as mais se entretece e se compõe. São as outras como ancilas e ministras: ela soberana universal.
Da estatuária toma as formas, da arquitetura imita a regrada estrutura de suas fábricas; da pintura copia a côr e o debuxo de seus quadros; da música aprende a variada sucessão de seus compassos e melodias; e sobre todos estes predicados tem, mais do que as outras artes, a vida, que anima os seus painéis, a paixão, que dá novo esplendor às suas tintas, o movimento, que intima aos que a escutam e admiram, o entusiasmo e a persuasão.
A estátua fala, mas fala como uma interjeição, que apenas expressa um sentimento vago, indefinido, momentâneo. A pintura fala, mas fala como uma frase breve em que a elipse houvera suprimido boa parte dos elementos essenciais. O edifício fala, mas fala como uma inscrição abreviada, que desperta a memória do passado sem particularizar os acontecimentos a que alude. A música fala, mas fala apenas à sensibilidade, sem que o entendimento a possa claramente discernir.
Só a palavra, nas artes a que é matéria prima, fala ao mesmo tempo à fantasia e à razão, ao sentimento e às paixões. Só ela, Pigmalião prodigioso, esculpe estátuas que vão saindo vivas e animadas da pedra ou do madeiro, onde as delineia e arredonda o seu buril. Só a palavra, mais inventiva do que Zêuxis, sabe desenhar e colorir figuras e países, com que se ilude e engana a vista intelectual. Só a palavra, mais audaz que os Ictinos e os Calícrates, traça, dispõe, exorna e arremessa aos ares monumentos mais nobres e ideais que o Partenão de Atenas. Só a palavra, mais comovedora e persuasiva do que o pletro dos Orfeus, encadeia à sua lira mágica estas feras humanas ou desumanas, que se chamam homens, arrebatados e enfurecidos nas mais truculentas alucinações.

                          (Oração da Coroa, introd., p. XVII, da 2.a edição.)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A amnésia do mau



Resurgir...

Renascer, a cada dia.

Eliminar vícios,

Aprender tudo de novo, sempre.

Sentir o toque do vento sempre como o primeiro!!!

Estar curioso, iluminado e com os sentidos aguçados...

Perder os medos.

Não dar ouvidos ao passado, seguir em frente, limpo, confiante.

Acertar na vida é viver na pureza!!!

Ser iniciante, não na estupidez mas na sutileza.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Comunicação

 Na especialização me foi solicitado um texto que tratasse da fala humana. 
Ai está minha reflexão de apenas 20 linhas, assim como o tutor havia exigido, mas juro que seria capaz de escrever um livro sobre isso:


A língua é a condição para a existência da fala, exatamente como a sociedade é a condição para a existência do indivíduo. Com essa certeza cabe analisarmos a linguagem – fala humana – como um recurso rico de múltiplos valores e, sobretudo, inesgotável.
A linguagem é, assim como a digital de nossos dedos, única em cada indivíduo. Sendo que, em cada dedo de uma mesma pessoa as digitais são diferentes, utilizando-se dessa alegoria temos que, em uma mesma pessoa encontramos diferentes linguagens, ou seja, diferentes formas de se utilizar a mesma língua. Ela é um produto histórico do indivíduo, concomitantemente versátil, heterogênea e evolutiva. Que pode expressar sentimentos, conhecimentos científicos, ambiguidades, persuasões, falsidades e verdades.
Ferdinand Saussure  exemplifica essa liberdade de combinações supracitada com alusão ao jogo de xadrez,  ilustrando e diferenciando o que é externo à língua, as propriedades físicas, a cor das peças, o material de que são feitas, por exemplo, do que é interno, as regras, a convenção. Os valores externos para ele são as substâncias da língua, enquanto os internos são as formas. A partir dessa terceira dicotomia, ele formula o postulado básico para a Linguística a língua é forma e não substância.


  HJELMSLEV, L. Prolegômenos a uma teoria da linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1975.
  SAUSSURE, Ferdinand. Curso de lingüística geral. São Paulo: Cultrix, 1970.
 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Esponja



A cada parada para refletir,
percebo um novo ciclo do meu eu.
Por vezes comunicativa e transparente, 
expondo com nitidez meus anseios e dilemas, 
minhas alegrias e triunfos...
Porém, me deparo agora, 
em um momento reflexivo e silencioso. 
Estou a observar o mundo, 
como se minha massa cefálica e meus sentimentos 
estivesse hibernando. 
Será o inverno? 

Degustando livros, músicas, pensamentos alheios,
toda ouvidos e nenhuma produção.
Me abastecendo,
para que, ao final dessa metamorfose 
eu apresente um novo eu.





Querida Manoela Brum,
Agradeço sua companhia virtual em meu blog. Logo surgirá novos poemas... 
Abraços.



Diálogo

“A cada momento temos a oportunidade de morrer psicologicamente, libertando-nos dos preconceitos, de hábitos mecânicos, do isolamento, do pedantismo do ego, das imagens do eu e do mundo e das concepções que temos do passado e do futuro. Assim, pomos em movimento a possibilidade de uma percepção criativa e auto-organizadora que nos coloca em contato com a magia que nos pôs no mundo.”

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Dia Mundial do Rock!!!
 
























sábado, 23 de junho de 2012


Novo acordo Ortográfico dando muita dor de cabeça...rsss

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que faço com esses humanos

As taxativas suposições podem desvincular almas...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Cadê os plural?


É só impressão minha, ou está cada vez mais difícil ouvir plurais ortodoxos? Aqueles de antigamente, arrematados com um ''s'' - plurais tradicionais, quatrocentões? Os plurais agora estão cada vez mais enrustidos, dissimulados, problemáticos. Cada vez menos plurais são assumidos. Os plurais agora precisam ser subentendidos.
Verdade seja dita: não somos os únicos no mundo a ter problemas com a maldita letra ''s'' no final das palavras. Os franceses, debaixo de toda aquela empáfia, há séculos desistiram de pronunciar o ''s'' dos plurais. No francês oral, o plural é indicado pelo artigo, e pronto. Ou seja: eles falam ''as mina'' e ''os mano'' desde que foram promovidos de gauleses a guardiães da cultura e da civilização.
Os italianos também não podem com a letra ''s'' no fim das palavras. Fazem seus plurais em ''i'' e em ''e'', dependendo do sexo, ops, do gênero das palavras. Quando a palavra é estrangeira, entretanto, eles simplesmente desistem de falar no plural: decretaram que termos forasteiros são invariáveis, e tudo bem. Una foto, due foto; una caipirinha, quattro caipirinha. Quattro caipirinha? Hic! Zuzo bem!
Os alemães, metódicos que só, reservam o ''s'' justamente a esses vocábulos estrangeiros que os italianos permitem que andem por aí sem plural. Com as palavras do seu próprio idioma, no entanto, os alemães são implacáveis. As palavras mais sortudas ganham apenas um ''e'' no final, mas as outras são flexionadas com requintes de tortura - com ''n'' (!) ou com ''r'' (!!), às vezes em conjunto com um trema (!!!) numa vogal da penúltima sílaba (!!!!), só para infernizar a vida dos alunos do Instituto Goethe ao redor do planeta.
Práticos são os indonésios, que formam o plural simplesmente duplicando o singular: gado-gado, padang-padang, ylang-ylang. Pelo menos foi isso que eu li uma vez. (Claro que não chequei a informação. Eu detestaria descobrir que isso não é verdade.) Já pensou se a moda pega aqui, feito aquele pavoroso cigarro de cravo? Os mano-mano. As mina-mina. Um chopps e dois pastel-pastel.
Nem mesmo nossos primos de fala espanhola escapam da síndrome dos comedores de plural. Os andaluzes e praticamente todos os latino-americanos também não são muito chegados a um ''s'' final. Em vez do ''s'' ríspido e perigosamente carregado de saliva dos madrilenhos (que chiam quase tanto quanto os portugueses), eles transformaram o plural num acontecimento sutil, perceptível apenas por ouvidos treinados. Em Sevilha, Buenos Aires ou em Santo Domingo, o ''s'' vira um ''h'' aspirado – lah cosah, lah personah, loh pluraleh.
Entre nós, contudo, a mutilação do plural não tem nada a ver com sotaques ou incapacidade de pronunciar fonemas. Aqui em São Paulo, a falta de ''s'' é um fenômeno sociocultural. Os pobres não falam no plural por falta de cultura. Da classe média para cima, deixamos o plural de lado quando há excesso de intimidade. É como se o plural fosse algo opcional, como escolher entre ''você'' e ''o senhor''. Se a situação exige, você vai lá e aperta a tecla PLURAL. Se a conversa for entre amigos, basta desligar, e os esses desaparecem em algum ponto entre o cérebro e a boca.
O que se deve fazer? Uma grande campanha educativa, com celebridades declarando que é chique falar os plurais? Lançar pagodes e canções sertanejas falando da dor-de-cotovelo causada por não usar ''s'' no final das palavras? Ou contratar um grupo de artistas alternativos para sair pichando nos muros por aí uma mensagem subversiva? Tipo assim: OS MANOS E AS MINAS.

(Ricardo Freire)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Após exatos 30 dias da postagem que fiz homenageando não só aquelas pessoas chamadas de professores como profissão, mas sim, para todos àqueles que um dia me ensinaram algo de valor, escuto uma colega de trabalho desabafar, desgastada pelo tempo de dedicação à educação em escola pública, mas principalmente pela falta de respeito da sociedade para com os professores, que foi chamada de "filha da puta" por estar em frente ao Palácio Piratini no último final de semana junto com um grupo numeroso de professores reivindicando um "verdadeiro" aumento do piso salarial.
Uma mãe, caminhando de mão dadas com sua filha, passa pelo local e diz em tom agressivo: -”Veja minha filha, o porquê de você não ter aula hoje, essa filha da puta está ai matando trabalho”.
Uma mulher de aparência elegante e jovial, que provavelmente têm uma profissão. Usa esse tipo de palavreado para "educar sua filha" enquanto nós professores reinvidicamos uma melhora nas condições de ensino, sobretudo, uma valorização da área da educação.
Veja bem, a luta dos professores não é somente uma busca por um salário justo, mas mesmo se fosse já seria motivo suficiente para tal. Os educadores querem que a sociedade pare de adoecer. As pessoas estão vivendo um emburrecimento e estão achando isso maravilhoso, os membros de uma família estão a cada dia que passa mais frios, distantes e individualistas, os profissionais a cada dia que passa mais desqualificados, vendo uma sociedade ser governada por gente que não sabe a tabuada, nem mesmo o nome completo da Presidenta da Republica – aliás, é uma mulher? – nem quantos estados há no país, e muitas vezes não sabem nem quantos assessores possui, imagine então perguntar a estes líderes políticos da nação, problemas de cunho social na área da saúde, da segurança, da mobilidade e etc. A mídia também faz seu papel...porque nessas porcarias telenovelísticas apresentam tantos problemas familiares e sociais, deficientes físicos, usuários de drogas, homofobia e nunca conseguiram elaborar um roteiro que denunciasse o caos que se tornou as escolas, um lugar que diga-se de passagem deveria ser quase que sagrado, perante sua importância para a saúde da sociedade, um lugar que já foi respeitado por pais, alunos e até mesmo governantes, pois todos eles por ali passaram. Tempo bom àquele que os professores ganhavam uma maça dos alunos e todos tinham desejo de aprender, época que o método de ensino era ríspido, mas que havia brandura nos seres humanos. Nessa época havia um brilho no olhar das pessoas ao ver suas antigas professoras na rua. As responsáveis por trazer-lhes tantos conhecimentos e momentos de descoberta.
Não há poesia no que lhes estou contanto, há apenas, fixo em minha memória as palavras ditas em alto e bom tom em frente ao Palácio Piratini: "filha da puta".
Os pais já não ensinam seus filhos que a hora da refeição é um momento para nutrir-se, não somente de comida, mas de afetividade, um momento em que a família se reúne para confraternizar, estão ocupados demais assistindo a TV ou em seus laptops e celulares. A família também não consegue ensinar para seus filhos sobre sexualidade, sobre carreira profissional nem mesmo sobre escolha das amizades, as palavras - bons costumes, ética, valores morais nunca são vistas pelas famílias. Sabe-se isso pois esses jovens estão lá, na escola, com as "filhas da puta", tentando-os ensinar isso e elas não conseguem. Só aprende quem quer aprender, é necessário encontrar uma motivação. Para que aprender esse monte de coisas se no lugar em que eles vivem isso não será utilizado, ou pior, será mal visto?
A sociedade se encaminha para o caos, não digo isso com olhar profético de catastrofes naturais, o caos intelectual dia após dia ganha força e consome com a possibilidade de termos uma nação autossuficiente, dinâmica, líder e justa. Estamos enfrentando uma guerra, silenciosa, sem sangue, sem corpos mutilados, mas com a morte da educação formal e informal. Um caos que prevê um grupo social apático, desunido e sem informação de classe, sem o mínimo de liberdade intelectual.
Não era bem esse o meu plano quando decidi ser professora, muito menos quando penso que um dia vou ser mãe também...lamento ser uma "filha da puta", quis parecer uma borboleta e me tornei um urubú.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Abaddon veio me buscar.
o que o faz pensar que estou pronta?
a despedida não pode ser assim tão vil
a partida tem de ter gosto de solenidade
não deve a morte ser uma repugna ao brio.


Veja bem,
Ainda tenho de me melindrar
na luz crua das esquinas vazias,
Assim como temer a ponta afiada das facas 
que fazem enrijecer os músculos,
e devo sentir a acidez do olhar inimigo 
que me devora viva.

Óh Ceifador Sinistro, sei que é teu dever
mas por hora estou muito atarefada 
para deixar que você se deleite 
na possibilidade de me matar.


Suas entranhas são de bronze
nas minhas, a carne é quente e cheia de vida
teu coração é de ferro
o meu bate acelerado.
Veja a dispariedade de nossas situações.


Nem por isso sois pior ou melhor...
Apenas somos diferentes.


Estamos acordados em um não desafiar o outro.
com todo respeito e resignência
peço-lhe que me permita, Thanatos,
desfrutar da brevidade da vida
pois terás minhas eternidade como recompensa.
A mim resta o pedido, pois a ti, o que podes exigir?
Ser poupado da morte?











quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ensinar

Penso, humildemente que:

Uma visita Divina, ao nascer
fez com que surgisse no mundo
o ser com desejo de ensinar.


Ensinar é doar-se constantemente.

O Mestre absorve conhecimento
não pensando em degustá-lo somente em si e para si
mas o que ele aprende perpassa seu ser 
e penetra em todos que nele percebem um mestre.

O Mestre vive numa busca incansável
pela transmissão do saber...
Mal sabem seus púpilos, a importância do que aprendem.
O Mestre com o coração cheio de amor
Ensina-nos sem medir esforços.


As pessoas questionam: é possível que exista esse verdadeiro amor?
Não há ligação biológica, nem racial, nem de crenças.
O mundo já conseguiu explicar porque os semelhantes se unem.
Mas expliquem agora, por favor, o porque de um Mestre se unir aos interesses de seus alunos?

Porque ele é tão caridoso?
Quais são seus interesses?


Há uma benção Divina no surgimento dos verdadeiros Mestres.
Somente isso explicaria tal desprendimento, tal doação, tal carinho...sem esperar por uma recompensa.




Homenagem a todos professores que divinamente me ensinaram sobre a vida.

terça-feira, 20 de março de 2012

selvagem é o vento

Não é você
Nem eu
Com nosso fôlego
E nossa vontade de fazer tudo hoje
Que sabemos descrever
O que é viver.

Sentados em nossas gangorras
Sentimos o mundo subir e descer
Mas não será isso que explicará
O que é viver.

Nem a agitação do povo circulando
Em ruas estreitas e super lotadas
Nem a monótona vida do campo
Com seus animais, plantas e colinas
Não será isso que nos explicará
O que é viver.

Há somente um
Neste vasto mundo
Que vive
Sem limites, sem definições
Sem sabor e sem cor,
Há somente um que vive
Plenamente.

Ai de mim se um dia
Conseguir tal façanha
De desbravar a Terra
Sem ser tolido.

Ai de mim se um dia
Eu for capaz de não me amedrontar
De não me subestimar e nem desistir.

Quero apenas que saibam
E que nunca duvidem de que:
O vento é quem vive.





domingo, 18 de março de 2012

Tenho um grave defeito...
não consigo conter meus pensamentos e quando o faço sofro.
Caso eu omita meus pensamentos a respeito de determinado assunto para não discutir com alguém e principalmente para não ofender seus princípios, acabo que por me sentir traída por mim mesma. Estranho e egoísta esse meu jeito de ser, desculpem-me, mas sou um simples e erroneo ser humano.
Pois aqui será colocado então meu pensamento ocultado, que me tirou o sossego, o folego e principalmente o sono:

Não concordo com pensamentos abençoados e humanitários e religiosos que pejoram o ato de ambicionar e consumir coisas. Acredito sim, que o ser humano só chegou onde chegou por duas grandes características: Ambição e Preguiça. Serei repetitiva em minha colocação, mas necessito me fazer entender

Sou adepta de ambas e não concordo quando vejo pessoas blasfemiando contra elas. Pior, falando mal de qualidades tão próprias de nossa natureza.

Graças a preguiça e a ambição deixamos de viver em cavernas. Deixamos de ser estupidos seres tentando criar o fogo com pedaços de madeira, e deixamos de morrer por ataque a animais selvagens. Hoje vivemos em nossas confortáveis casas, andamos de elevador e não levantamos do sofá para trocar de canal. Agradeço muito ter um carro para andar, sobretudo quando preciso percorrer grandes distâncias.

Desejo trocar de carro, só consigo desejar isso, hoje em dia porque um homem das cavernas teve preguiça de carregar suas coisas nas costas e inventou a roda. Para algumas pessoas sou uma ambiciosa consumista, que já tem um carro na garagem e não está contente nunca. Digo-vos que sim, sou um ambiciosa consumista, que nunca está contente, assim como aquele inteligente e preguiçoso senhor das cavernas.

Porém, apesar de ser adepta destes "defeitos" de caráter, tenho repulsa de outros tantos que fazem uma linha tênue com eles. A desonestidade e hipocrisia são para mim os grandes vilões da ação humana.
Não suporto ver pessoas dizendo: "Minha única ambição é ter saúde e ser feliz!!!" Hipocrisia...hipocrisia...

Uma exclamação absurda se comparada com as atitudes cotidianas destas mesmas pessoas. Quem não deseja ter um bom emprego? Quem nunca ouviu dos pais "Estude para ser alguém na vida"? Penso nas instituições religiosas que manipulam frágeis vítimas do caos social. Penso nos grupos políticos extremistas, que tentam a todo custo apontar defeitos em nossa sociedade e a nossa estrutura capitalista, sem ao menos pensar se sua linha política podia de fato ser superior e revolucionária.


Sejamos ambiciosos, sem precisar ser desonesto, sejamos preguiçosos sem precisar abusar do poder sob os outros. Não critiquem aquilo que está no intimo de cada um de nós. Não gosto de gente ignorante que critica simplesmente porque é inteligente criticar. Não sejamos ingratos, não sejamos ignorantes, nem hipócritas... Nossa vida não é tão ruim assim, ruim é a forma com que todos olham para a vida e principalmente para a evolução do mundo.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Renascer

. . .e vem a brisa branda...
aura que traz a vida
alegres redemoinhos a brincar
terra doce...umidecida
psiu... silêncio...

. . .e chega o alento que a leva consigo...
o sopro suave da morte que faz a vida nova chegar.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Eu


Inoculada pelo germe da curiosidade
poço de ansiedade de saber
aplico meus sentidos
na busca do porquê das coisas.
Sendo o mundo
um segredo a ser desvendado.
Embriago-me nas perguntas
que ecoam em minha mente
sigo pendurando interrogações
nos símbolos, sons, sentimentos e ações.
Se há uma verdade a ser descoberta
talvez eu chegue lá
se não há
sei ao menos que sai do meu lugar
e explorei
me modifiquei
e sou bem mais do que já fui.
Posso assim, então, ir mais além.




alguém a quem amar

Sempre busquei-a.
Esta amizade tamanha
capaz de fazer prazeroso o fato de tê-la.

Sempre desejei-a, pois nunca a tive
nunca pude dividir
mais substancialmente o meu afeto.

essa amizade se confunde, por vezes
com uma irmandade.
Talvez seja a candura de seus gestos
ou a benevolênscia de suas palavras
até mesmo a doçura de seu olhar,
pouco importa.

Posso listar aqui diversas qualidades
não serão elas que levarão a diante o que sinto.
Será no choro nas lastimáveis e torturosas fases da vida
que se fará firmar esta afeição.

Mais vale amar um amigo em silêncio
do que ludibriar seu próprio coração,
forjando um sentimento
para não viver na solidão.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Se Deus tivesse falado

Colocarei aqui este texto para que ele não se perca de minha vida.

“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias.
Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria.
Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.
Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho...
Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir.
Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim.
Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão.
Não há nada a perdoar.
Se Eu te fiz...
Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.
Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?
Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade?
Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.
Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre.
Não há prêmios nem castigos.
Não há pecados nem virtudes.
Ninguém leva um placar.
Ninguém leva um registro.
Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.


Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.
Vive como se não o houvesse.
Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir.
Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não.
Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste...
Do que mais gostaste?
O que aprendeste?

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar.
Eu não quero que acredites em mim.
Quero que me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me!
Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem.
Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato?
Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?...
Expressa tua alegria!
Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações?
Não me procures fora!
Não me acharás.
Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti.
Baruch de Spinoza.

ALEGRIA



Tocar na inocência...
 



Aprender a olhar para o mundo como uma novidade...sempre.
A ponta do nariz é a seta que te encaminha para esse novo mundo... 



Espontâneo.
Imagine coisas...construa teu próprio mundo e tente o apresenta-lo para outras pessoas. Vamos lutar pela preservação da imaginação humana.



Esvazie tua bagagem...não há espaço para guardar antigas aprendizagens.


Viva a alegria...mas respeite e viva a tristeza se ela insiste em estar lá.


Seja o pior de ti...cometa erros...e valorize-os.
Veja em cada atitude uma possibilidade de ser você mesmo.



Palhaça Fiorela.
 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Inferno



Desdenhado por uma mulher, Satanás reuniu seus principais tentadores de Pandemônio. Perguntou às Autoridades e Poderes reunidos: "O que estamos fazendo para apressar a desumanização do homem?"

Um a um, eles responderam. os Grandes Senhores Vice-presidentes encarregados da inveja, orgulho e avareza apresentaram formidáveis relatórios; os chefes dos Birôs da luxúria e indolência leram longas listas de detalhes. Advogados dissertaram sobre falhas. Satanás, no entanto, não estava satisfeito. Nem mesmo o brilhante relatório do Chefe do Departamento da Guerra o agradou. Ouviu inquieto a leitura do longo tratado sobre proliferação de armas nucleares; brincava nervosamente com o lápis que tinha na mão durante a parte do tratado que versava a respeito da filosofia da tática de guerrilha.

Finalmente, Satanás não mais conseguiu conter a raiva. Jogou as anotações para fora da mesa e se levantou. "Declarações que servem a vocês mesmos!", ele vociferou. "Estou condenado a sentar para sempre ouvindo idiotas tentando esconder a incompetência atrás de palavras? Ninguém tem nada novo? Devemos passar o resto da eternidade tomando conta da loja como por mil anos?"

Naquele momento, o tentador mais jovem se levantou. "Com a sua permissão, meu senhor," ele disse, "eu tenho um projeto". E quando Satanás se sentou novamente, o diabo apresentou sua proposta para a criação de um Birô de Dessubstancialização. Ele alegou que a desumanização do homem estava muito lenta porque a estratégia infernal falhou em isolar o ser humano de um dos principais bastiões de sua natureza como tal. Ao se concentar em ofensas contra Deus e o próximo, o inferno falhara em corromper o relacionamento do homem com as coisas. As coisas, o tentador afirmou, como fornecedoras de prazeres únicos e surpresas individuais, contituíam elementos contínuos para reanimar as próprias capacidades que o inferno tinha dificuldade para abolir. Desde que o homem lidasse com substâncias reais, ele tenderia a se manter substancial . Portanto, o que se fazia necessário era um programa para privar o homem das coisas.

Satanás ficou muito interessado. "Mas", objetou, "como faremos isso? Na moderna sociedade afluente o homem tem mais 'coisas' do que nunca. você está dizendo que no meio de tal abundância e possuído por tão grande materialismo ele simplesmente não perceberá uma trama tão óbvia e bizarra?" "Não exatamente, meu senhor," respondeu o demônio. "Eu não pretendo tirar nada dele fisicamente. Em vez disso, devemos encorajá-lo a mentalmente se alienar da realidade. Proponho que executemos uma sistemática substituição de coisas e seres reais por abstrações, diagramas e espiritualizações. O homem deve ser ensinado a ver as coisas como símbolos - deve ser treinado a usá-las por efeito e nunca por elas mesmas. Acima de tudo, a porta para o prazer deve permanecer firmemente fechada.

"Não será tão difícil quanto parece", continuou. "O homem está tão fortemente convencido que é materialista que acreditará em qualquer coisa antes de suspeitar de nosso plano para sua destruição por meio da espiritualização. Para ter uma pequena garantia, contudo, tomei a liberdade de arranjar um exército de tele-evangelistas que continuará, como no passado, a atormentar o ser humano por ser materialista. a humanidade estará tão ocupada sentindo-se prazerosamente má que ninguém perceberá a chegada do dia que finalmente a separaremos de vez da sua realidade."
Satanás sorriu, inclinpou-se para trás e cruzou as mãos. "Excelente...", disse, "Que o trabalho comece".

BARWICK, Daniel. Apreciando esse tal de "Sorvete": Sr. Burns, satanás e felicidade. SKOBLE, CONARD, IRWIN. Os Simpsons e a Filosofia. São Paulo: Madras, 2009. p. 183- 184.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

BOCA


Vejo a boca
salivada pela sede
Ufanando seus desejos.

Boca besuntada de gostos
é percorrida
pelos movimentos do maxilar alheio.

Derrete na boca os ademanes:
dedos, língua, dentes, lábios
Daquela que te explora.

Sai da boca o calor
a carne é afligida,
o beiço geme,
as línguas enlaçadas
ganham vontades.

Assim...
a boca ganha vida!
Dispondo de  veredas,
equidistando o corpo
Desliza pela pele.

Suga a polpa
lambe o sulco
enternece cada poro
enrijecendo a penugem das coxas
O corpo vibra.

Sedenta segue
apetitando a carne que a adoça.
o corpo todo reconhece os lábios,
a boca então se fecha.
Findou seu vício.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Anseios


Bebe a sede do amor gratinada de saudades.
Embora sejas, não resguardo à lembranças passadas,
Formadas pela certeza de falta acumulada no ventre solto.
Jovens pesadelos destroem velhos sonhos,
Derrubando fronteiras que choram a grande distância.
Ao sentir o mesmo tempero,
Já apavora passar de novo no mesmo tom,
Esperar pelo que definitivamente está de mudança
E pretende não voltar.

Oração ao Tempo



Tempo
Será ele o nosso Deus?
Quanto tempo leva o tempo para se refazer?
Sereno e implacável
Unhado em nossa carne
Nos faz crescer, proliferar e enrrugar.
As vésperas de uma perca de tempo resolvo assim falar:
Estou sem tempo para fazer o que o tempo me pediu,
Sem tempo para descortinar o que ainda há em mim.
Sem tempo para relembrar o que já existiu.
Falta Tempo...
Ó Deus meu, acalenta minha existência, afaga meu viver.
Tempo, não passe voando! Fique aqui, preciso de ti.
Quero ver o brilho nos olhares, 
quero sentir todos esses perfumes
conhecer todos os sabores
sonhar como todos os mundos que posso criar
Dai-me um pouco mais de ti.  


Linda canção de Caetano Veloso

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Tempestade dentro de mim


Fui solidificando algo aqui dentro,
batia feroz
era vivo.


A sutileza sumiu
a mão agora pesa
o olhar é rispido
o devaneio quase não existe.


Queria deitar e sentir o ar sair dos pulmões.


Agora é tudo corda bamba
concentração,
para andar na linha da vida
é preciso suar frio, é preciso cautela
pisando firme com os dois pés, mantenho o equilíbrio que se exige.


Assim vou me perdendo de mim mesma,
definhando.

Encerro o capítulo
que era pra se escrever todo torto
assim como eu,
mas obedeci as regras e agora lhe entrego
sem assinar embaixo, sem minha digital.

É o nada,
que transborda.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Lá fora a rua vazia, chora.



          Meditava sobre a minha condição, perdido no deserto e ameaçado, nu entre a areia e as estrelas, afastado por um longo silêncio dos pólos da minha vida [...] Era apenas um mortal perdido entre a areia e as estrelas, consciente da única doçura de respirar...
         Contudo eu me descobria cheio de sonhos. Sonhos que me vinham em silêncio, como água de nascente, sem que eu compreendesse, a princípio, a doçura que me invadia. Não houve imagens nem vozes, mas o sentimento de uma presença, de uma ternura próxima, que eu já adivinhava. Então compreendi e me abandonei, de olhos fechados, aos encantamentos da memória.
         Havia, em algum lugar, um parque cheio de pinheiros escuros e tílias, e uma velha casa que eu amava. Pouco me importava que ela estivesse distante ou próxima, que não pudesse cercar de calor meu corpo, nem me abrigar, reduzida apenas a um sonho; bastava que ela existisse para que minha noite fosse cheia de sua presença. Eu não era mais um corpo de homem perdido no areal. Eu me orientava. Era o menino daquela casa, cheio da lembrança de seus perfumes, cheio da fragrância dos seus vestíbulos, cheio das vozes que a haviam animado. E chegava mesmo até mim o coaxar das rãs nos charcos próximos. Precisava desses mil sinais para reconhecer a mim mesmo, para descobrir de quantas ausências era feito o gosto daquele deserto, para achar um sentido naquele silêncio feito de mil silêncios, naquele silêncio em que até as rãs emudeciam.
Não, eu não me estirava mais, solitário entre a areia e as estrelas.
         Da paisagem recebia apenas uma fria mensagem. Mesmo aquele gosto de eternidade que eu pensei viesse do deserto tinha outra origem. Eu revia os grandes armários solenes da casa. Eles se entreabriam mostrando pilhas de lençóis alvos como a neve [...]
Ah, eu bem te devo uma página! Quando eu voltava de minhas primeiras viagens, Mademoiselle, eu te encontrava coma agulha na mão, afundada até os joelhos em tua sobrepeliz branca, cada ano um pouco mais enrugada, os cabelos um pouco mais alvos [...] Quando era menino já vivia rasgando as camisas – ah, que infelicidade! – Já vivia esfolando os joelhos e depois vinha correndo para casa, como naquela tarde, para que tratassem de mim.
         Mas não, não, Mademoiselle! Não era mais o fundo do parque que eu vinha agora; era dos confins do mundo. E trazia comigo o odor acre das solidões, o turbilhão dos ventos de areia, as luas deslumbrantes dos trópicos!
          Eu sei, eu sei – tu me dizias –, os meninos são assim, pensam que são muito fortes, vivem em correrias, se machucam todos. Mas não, não Mademoiselle, eu havia ido além do parque. Ah, se soubesses como essas sombras do parque são pouca coisa! Como parecem perdidas entre os areais, as rochas, as florestas virgens, os charcos de terra! Sabes, ao menos, que há terras em que os homens, logo que enxergam a gente, apontam suas carabinas? Sabes que há desertos, Mademoiselle, em que a gente dorme numa noite gelada, sem teto, sem cama, sem um lençol, Mademoiselle?
        E tu dizias: – Ah, menino...
        Eu não abalava a tua fé como não abalaria a fé de uma velha serva da Igreja. Lamentava o teu destino humilde que te fazia cega e surda... Mas esta noite, no Saara, sozinho entre a areia e as estrelas, eu te faço justiça.
       Não sei o que se passa em mim. Esta força de gravidade me liga ao chão quando tantas estrelas são imantadas. Uma outra força de gravidade me prende a mim mesmo. Sinto o peso que me une a tantas coisas! Meus sonhos são mais reais que estas dunas, estas dunas, esta lua, estas presenças. Oh, o que há de maravilhoso numa casa não é que ela nos abrigue e conforte, nem que tenha paredes. É que deponha em nós, lentamente tantas providências de doçura. Que forme, no fundo de nosso coração, essa nascente obscura de onde correm, como água da fonte, os sonhos...

Terra dos homens, de Saint-Exupéry

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

mundo, mundo...vasto mundo

A virtuosidade é UMA das possibilidades de ação humana. Se fosse a única existente, suponho que este blog não existiria.
As inúmeras possibilidades de ação que podemos realizar, digo, as infindáveis formas de agirmos que somos capazes, torna-nos, no mínimo, interessantes.
Há quatro tipos de caráter no viés filosófico de Aristóteles. São eles: o Virtuoso, o Continente, o Incontinente e o Vicioso.

Vejamos: Um homem casado, se depara com uma situação inusitada, uma linda mulher lhe dá uma cantada e tenta o seduzir.

O Virtuoso
O ser com um caráter virtuoso, não irá ceder aos encantos da linda mulher, não traindo sua esposa, além disso, ele se sentirá feliz por agir desta forma. Tendo consciência de que, sua atitude está de acordo com o que esperam dele.

O Continente
O ser continente, da mesma forma, não irá trair sua esposa, pois sabe que é isso que esperam dele. Porém haverá um conflito de desejos e ações, pois este homem, no fundo, desejava praticar o adultério. Ele tem consciência de que agiu da forma correta, mas, no entanto, está contrariando a si mesmo. Há neste perfil, um desvio de caráter, mesmo que imperceptível.

O Incontinente
Seguindo a ordem crescente do agravante, o incontinente irá trair sua esposa e terá feito isso pois sentiu desejo e o respeitou. Mesmo assim, este ser, estará ciente de que sua ação é contrária ao que esperam dele. Poderá apresentar um remorso, ou quem sabe vergonha de assumir sua atitude, mas em seu íntimo sabe que independentemente dos sentimentos de sua esposa, familiares e/ou sociedade acabou agindo exatamente da forma que lhe agradaria.

O Vicioso
Por fim, há o vicioso, este ser, trairá sua esposa, estará feliz com sua atitude e sentirá que sua ação é digna de respeito e orgulho. Isso, se o ser vicioso for capaz de parar para pensar em suas ações, pois na pior das hipóteses este homem não terá consciência do que acabou de fazer. O ser vicioso é extremamente antiético e não tem a menor preocupação em calcular a gravidade e consequências de suas ações.

Ora, como disse anteriormente, o ser humano é tão complexo, imprevisível e diverso que não há como não achar encantadora essa pluralidade. Tenho certeza que, enquanto deslizou seus olhos na leitura desse texto, iniciou um processo de enquandramento de seu perfil e um dos quatro tipos de caráter apresentados. Pois lhe digo, você é tudo isso.

Quando você anda na rua e passa por um mendigo que lhe pede moedas e você o ignora nem respondendo-o, está sendo vicioso. Mas assim que você chega no seu trabalho e honra as regras de uso do telefone fixo da empresa, não ligando para sua mãe ou amigos está sendo virtuoso.


Nota de rodapé:
Se faz necessário que façamos uma ressalva aqui. Temos de ter em mente que o medidor deste caráter é a sociedade. O que cinco décadas atrás podia ser considerado virtuoso, hoje poderá ser visto como um ato absurdo e vice-versa. O bom senso e a visão de coletividade deve ser levado em conta para sondarmos estes quatro tipos de caráter aduzidos por Aristóteles.