sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

mundo, mundo...vasto mundo

A virtuosidade é UMA das possibilidades de ação humana. Se fosse a única existente, suponho que este blog não existiria.
As inúmeras possibilidades de ação que podemos realizar, digo, as infindáveis formas de agirmos que somos capazes, torna-nos, no mínimo, interessantes.
Há quatro tipos de caráter no viés filosófico de Aristóteles. São eles: o Virtuoso, o Continente, o Incontinente e o Vicioso.

Vejamos: Um homem casado, se depara com uma situação inusitada, uma linda mulher lhe dá uma cantada e tenta o seduzir.

O Virtuoso
O ser com um caráter virtuoso, não irá ceder aos encantos da linda mulher, não traindo sua esposa, além disso, ele se sentirá feliz por agir desta forma. Tendo consciência de que, sua atitude está de acordo com o que esperam dele.

O Continente
O ser continente, da mesma forma, não irá trair sua esposa, pois sabe que é isso que esperam dele. Porém haverá um conflito de desejos e ações, pois este homem, no fundo, desejava praticar o adultério. Ele tem consciência de que agiu da forma correta, mas, no entanto, está contrariando a si mesmo. Há neste perfil, um desvio de caráter, mesmo que imperceptível.

O Incontinente
Seguindo a ordem crescente do agravante, o incontinente irá trair sua esposa e terá feito isso pois sentiu desejo e o respeitou. Mesmo assim, este ser, estará ciente de que sua ação é contrária ao que esperam dele. Poderá apresentar um remorso, ou quem sabe vergonha de assumir sua atitude, mas em seu íntimo sabe que independentemente dos sentimentos de sua esposa, familiares e/ou sociedade acabou agindo exatamente da forma que lhe agradaria.

O Vicioso
Por fim, há o vicioso, este ser, trairá sua esposa, estará feliz com sua atitude e sentirá que sua ação é digna de respeito e orgulho. Isso, se o ser vicioso for capaz de parar para pensar em suas ações, pois na pior das hipóteses este homem não terá consciência do que acabou de fazer. O ser vicioso é extremamente antiético e não tem a menor preocupação em calcular a gravidade e consequências de suas ações.

Ora, como disse anteriormente, o ser humano é tão complexo, imprevisível e diverso que não há como não achar encantadora essa pluralidade. Tenho certeza que, enquanto deslizou seus olhos na leitura desse texto, iniciou um processo de enquandramento de seu perfil e um dos quatro tipos de caráter apresentados. Pois lhe digo, você é tudo isso.

Quando você anda na rua e passa por um mendigo que lhe pede moedas e você o ignora nem respondendo-o, está sendo vicioso. Mas assim que você chega no seu trabalho e honra as regras de uso do telefone fixo da empresa, não ligando para sua mãe ou amigos está sendo virtuoso.


Nota de rodapé:
Se faz necessário que façamos uma ressalva aqui. Temos de ter em mente que o medidor deste caráter é a sociedade. O que cinco décadas atrás podia ser considerado virtuoso, hoje poderá ser visto como um ato absurdo e vice-versa. O bom senso e a visão de coletividade deve ser levado em conta para sondarmos estes quatro tipos de caráter aduzidos por Aristóteles.