quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Palavra

De todas as artes a mais bela, a mais expressiva, a mais difícil é sem dúvida a arte da palavra. De todas as mais se entretece e se compõe. São as outras como ancilas e ministras: ela soberana universal.
Da estatuária toma as formas, da arquitetura imita a regrada estrutura de suas fábricas; da pintura copia a côr e o debuxo de seus quadros; da música aprende a variada sucessão de seus compassos e melodias; e sobre todos estes predicados tem, mais do que as outras artes, a vida, que anima os seus painéis, a paixão, que dá novo esplendor às suas tintas, o movimento, que intima aos que a escutam e admiram, o entusiasmo e a persuasão.
A estátua fala, mas fala como uma interjeição, que apenas expressa um sentimento vago, indefinido, momentâneo. A pintura fala, mas fala como uma frase breve em que a elipse houvera suprimido boa parte dos elementos essenciais. O edifício fala, mas fala como uma inscrição abreviada, que desperta a memória do passado sem particularizar os acontecimentos a que alude. A música fala, mas fala apenas à sensibilidade, sem que o entendimento a possa claramente discernir.
Só a palavra, nas artes a que é matéria prima, fala ao mesmo tempo à fantasia e à razão, ao sentimento e às paixões. Só ela, Pigmalião prodigioso, esculpe estátuas que vão saindo vivas e animadas da pedra ou do madeiro, onde as delineia e arredonda o seu buril. Só a palavra, mais inventiva do que Zêuxis, sabe desenhar e colorir figuras e países, com que se ilude e engana a vista intelectual. Só a palavra, mais audaz que os Ictinos e os Calícrates, traça, dispõe, exorna e arremessa aos ares monumentos mais nobres e ideais que o Partenão de Atenas. Só a palavra, mais comovedora e persuasiva do que o pletro dos Orfeus, encadeia à sua lira mágica estas feras humanas ou desumanas, que se chamam homens, arrebatados e enfurecidos nas mais truculentas alucinações.

                          (Oração da Coroa, introd., p. XVII, da 2.a edição.)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A amnésia do mau



Resurgir...

Renascer, a cada dia.

Eliminar vícios,

Aprender tudo de novo, sempre.

Sentir o toque do vento sempre como o primeiro!!!

Estar curioso, iluminado e com os sentidos aguçados...

Perder os medos.

Não dar ouvidos ao passado, seguir em frente, limpo, confiante.

Acertar na vida é viver na pureza!!!

Ser iniciante, não na estupidez mas na sutileza.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Comunicação

 Na especialização me foi solicitado um texto que tratasse da fala humana. 
Ai está minha reflexão de apenas 20 linhas, assim como o tutor havia exigido, mas juro que seria capaz de escrever um livro sobre isso:


A língua é a condição para a existência da fala, exatamente como a sociedade é a condição para a existência do indivíduo. Com essa certeza cabe analisarmos a linguagem – fala humana – como um recurso rico de múltiplos valores e, sobretudo, inesgotável.
A linguagem é, assim como a digital de nossos dedos, única em cada indivíduo. Sendo que, em cada dedo de uma mesma pessoa as digitais são diferentes, utilizando-se dessa alegoria temos que, em uma mesma pessoa encontramos diferentes linguagens, ou seja, diferentes formas de se utilizar a mesma língua. Ela é um produto histórico do indivíduo, concomitantemente versátil, heterogênea e evolutiva. Que pode expressar sentimentos, conhecimentos científicos, ambiguidades, persuasões, falsidades e verdades.
Ferdinand Saussure  exemplifica essa liberdade de combinações supracitada com alusão ao jogo de xadrez,  ilustrando e diferenciando o que é externo à língua, as propriedades físicas, a cor das peças, o material de que são feitas, por exemplo, do que é interno, as regras, a convenção. Os valores externos para ele são as substâncias da língua, enquanto os internos são as formas. A partir dessa terceira dicotomia, ele formula o postulado básico para a Linguística a língua é forma e não substância.


  HJELMSLEV, L. Prolegômenos a uma teoria da linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1975.
  SAUSSURE, Ferdinand. Curso de lingüística geral. São Paulo: Cultrix, 1970.
 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Esponja



A cada parada para refletir,
percebo um novo ciclo do meu eu.
Por vezes comunicativa e transparente, 
expondo com nitidez meus anseios e dilemas, 
minhas alegrias e triunfos...
Porém, me deparo agora, 
em um momento reflexivo e silencioso. 
Estou a observar o mundo, 
como se minha massa cefálica e meus sentimentos 
estivesse hibernando. 
Será o inverno? 

Degustando livros, músicas, pensamentos alheios,
toda ouvidos e nenhuma produção.
Me abastecendo,
para que, ao final dessa metamorfose 
eu apresente um novo eu.





Querida Manoela Brum,
Agradeço sua companhia virtual em meu blog. Logo surgirá novos poemas... 
Abraços.



Diálogo

“A cada momento temos a oportunidade de morrer psicologicamente, libertando-nos dos preconceitos, de hábitos mecânicos, do isolamento, do pedantismo do ego, das imagens do eu e do mundo e das concepções que temos do passado e do futuro. Assim, pomos em movimento a possibilidade de uma percepção criativa e auto-organizadora que nos coloca em contato com a magia que nos pôs no mundo.”

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Dia Mundial do Rock!!!
 
























sábado, 23 de junho de 2012


Novo acordo Ortográfico dando muita dor de cabeça...rsss

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que faço com esses humanos

As taxativas suposições podem desvincular almas...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Cadê os plural?


É só impressão minha, ou está cada vez mais difícil ouvir plurais ortodoxos? Aqueles de antigamente, arrematados com um ''s'' - plurais tradicionais, quatrocentões? Os plurais agora estão cada vez mais enrustidos, dissimulados, problemáticos. Cada vez menos plurais são assumidos. Os plurais agora precisam ser subentendidos.
Verdade seja dita: não somos os únicos no mundo a ter problemas com a maldita letra ''s'' no final das palavras. Os franceses, debaixo de toda aquela empáfia, há séculos desistiram de pronunciar o ''s'' dos plurais. No francês oral, o plural é indicado pelo artigo, e pronto. Ou seja: eles falam ''as mina'' e ''os mano'' desde que foram promovidos de gauleses a guardiães da cultura e da civilização.
Os italianos também não podem com a letra ''s'' no fim das palavras. Fazem seus plurais em ''i'' e em ''e'', dependendo do sexo, ops, do gênero das palavras. Quando a palavra é estrangeira, entretanto, eles simplesmente desistem de falar no plural: decretaram que termos forasteiros são invariáveis, e tudo bem. Una foto, due foto; una caipirinha, quattro caipirinha. Quattro caipirinha? Hic! Zuzo bem!
Os alemães, metódicos que só, reservam o ''s'' justamente a esses vocábulos estrangeiros que os italianos permitem que andem por aí sem plural. Com as palavras do seu próprio idioma, no entanto, os alemães são implacáveis. As palavras mais sortudas ganham apenas um ''e'' no final, mas as outras são flexionadas com requintes de tortura - com ''n'' (!) ou com ''r'' (!!), às vezes em conjunto com um trema (!!!) numa vogal da penúltima sílaba (!!!!), só para infernizar a vida dos alunos do Instituto Goethe ao redor do planeta.
Práticos são os indonésios, que formam o plural simplesmente duplicando o singular: gado-gado, padang-padang, ylang-ylang. Pelo menos foi isso que eu li uma vez. (Claro que não chequei a informação. Eu detestaria descobrir que isso não é verdade.) Já pensou se a moda pega aqui, feito aquele pavoroso cigarro de cravo? Os mano-mano. As mina-mina. Um chopps e dois pastel-pastel.
Nem mesmo nossos primos de fala espanhola escapam da síndrome dos comedores de plural. Os andaluzes e praticamente todos os latino-americanos também não são muito chegados a um ''s'' final. Em vez do ''s'' ríspido e perigosamente carregado de saliva dos madrilenhos (que chiam quase tanto quanto os portugueses), eles transformaram o plural num acontecimento sutil, perceptível apenas por ouvidos treinados. Em Sevilha, Buenos Aires ou em Santo Domingo, o ''s'' vira um ''h'' aspirado – lah cosah, lah personah, loh pluraleh.
Entre nós, contudo, a mutilação do plural não tem nada a ver com sotaques ou incapacidade de pronunciar fonemas. Aqui em São Paulo, a falta de ''s'' é um fenômeno sociocultural. Os pobres não falam no plural por falta de cultura. Da classe média para cima, deixamos o plural de lado quando há excesso de intimidade. É como se o plural fosse algo opcional, como escolher entre ''você'' e ''o senhor''. Se a situação exige, você vai lá e aperta a tecla PLURAL. Se a conversa for entre amigos, basta desligar, e os esses desaparecem em algum ponto entre o cérebro e a boca.
O que se deve fazer? Uma grande campanha educativa, com celebridades declarando que é chique falar os plurais? Lançar pagodes e canções sertanejas falando da dor-de-cotovelo causada por não usar ''s'' no final das palavras? Ou contratar um grupo de artistas alternativos para sair pichando nos muros por aí uma mensagem subversiva? Tipo assim: OS MANOS E AS MINAS.

(Ricardo Freire)