Estes dias eu estava andando nas ruas próximas da minha casa no meio da manhã, era um dia agradável, um sábado que iniciava com um sol radiante. Alguns metros a minha frente um carro parou e dele desceu uma linda garota, no auge de sua beleza, devia ter seus 18... 19 anos. Ela seguia o mesmo caminho que eu, porém ela estava a minha frente. Andou ainda um 500 metros até entrar no prédio onde morava.
Acreditem, em toda minha vida, nunca havia presenciado tanta tortura e humilhação em tão pouco tempo. Pensei: Puxa!!! TUDO isso em apenas 500 metros?!?!?! A garota muito bem maquiada e com um micro vestido vermelho colado em seu corpo esculpido pela juventude sofreu olhares repudiosos, gritos, assovios e chingamentos de homens e até mesmo de mulheres que por ali passaram. Os termos "gostosa", "tesuda", "pirainha" foram alguns que pude escutar devido a distância que eu estava da garota. Não vou nem entrar em detalhes para os olhares das mulheres, que pareciam estar olhando para um monstro.
Ela baixou a cabeça enquanto andava a passos largos em direção sua casa, como se estivesse cometendo um crime.
Constatei: sábado início da manhã, carona até alguns metros do endereço, roupa de festa... tá na cara que ela está namorando e talvez namorando escondido!!! Voltando de uma noite de muitas alegrias e agitos...típicos da idade.
Pensei: Menor do que as mini saias é o cérebro dos homens...que enxergam neste item do guarda-roupa feminino um motivo para tratar mulheres como putas e vadias. Pior quando não apenas as enxergam como putas e vadias e fritam esse pensamento asqueroso em seus cérebros, mas sim, adotam atitudes animalescas estrupando ou até mesmo violentando mulheres tendo como justificativa as roupas ou o comportamento delas.
Estes quadrúpedes existem aos montes, (os verdadeiros animais desta espécie que me desculpe pela a ofensa) e estão sendo acobertados pelas autoridades de universidades, prefeituras e até mesmo de países inteiros.
Exemplos:
Nos anos 60, a civilizada Paris, tão orgulhosa de sua liberdade, foi o cenário de um ataque delirante a uma jovem que passeava pelo mercado Les Halles de minissaia branca. Os grotescos arrancaram as roupas dela, todas as roupas, e só não a estupraram porque a polícia chegou a tempo. E, no seu depoimento, os valentes representantes do machismo francês alegaram que se a mulher saía assim às ruas é porque desejava ser possuída.
O estupro de jovens em campi universitários não constitui novidade, em quase todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, estuprar colegas chega a ser quase uma tradição. Odiosa e revoltante tradição. No Brasil, já ocorreram dezenas de casos em Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades.
Aqui, as autoridades universitárias, seguindo o exemplo de um ex-presidente da República, costumam fazer de conta que não viram, não ouviram, não sabem e não têm nada a ver com isso. Nos Estados Unidos, as universidades procuram evitar que os casos se tornem públicos. Mas no Canadá, que vive dando lições de modernidade ao resto do mundo, o assunto é tratado com seriedade.
Diante de uma série de casos de estupro no campus, em janeiro deste ano, a Universidade de Toronto decidiu escancarar o jogo e discutir abertamente com a sociedade uma série de medidas de proteção às moças. Mas lá, como aqui, também existem imbecis, e a Universidade convidou um deles para participar dos debates.
O policial Michael Sanguinetti aproveitou a ocasião para tornar público o seu pensamento a respeito do estupro. Na infeliz opinião dele (que um desses quadrúpedes que eu havia mencionado anteriormente), as moças também são responsáveis pelo estupro que sofrem, quando diminuem o tamanho de suas roupas e aumentam o seu poder de sedução.
- Evitem se vestir como putas, se não desejam ser vítimas de estupros. Vocês são estupradas porque se vestem assim.
Só faltou dizer que o estuprador é a verdadeira vítima. E foi ótimo que esse bobão tenha comparecido e falado.
A exibição de machismo explícito do quadrúpede fardado foi como fogo morro acima: milhares de moças de Toronto organizaram e promoveram uma passeata de protesto, denominada por elas de "Marcha das Vadias", para informar a sociedade sobre os perigos que correm no campus e na cidade.
Com o nome de Marcha das Putas, das Prostitutas ou das Vadias, manifestações semelhantes contra a violência sexual estão ocorrendo em outras regiões do mundo: Estados Unidos, Austrália, Europa e, agora, em Buenos Aires, São Paulo e Distrito Federal
No Rio Grande do Sul o frio de quase seis meses não permite que meninas usem seus micro vestidos e mini saias além de ocasiões especiais, como aquela em que presenciei. A jovem voltando de uma balada com seu pequeno modelito sendo violentada verbalmente nas ruas do centro da cidade.
No Rio Grande do Sul o frio de quase seis meses não permite que meninas usem seus micro vestidos e mini saias além de ocasiões especiais, como aquela em que presenciei. A jovem voltando de uma balada com seu pequeno modelito sendo violentada verbalmente nas ruas do centro da cidade.
E mesmo assim os estrupadores, agressores e grosseiros homens estão ai, atacando as "vadias".
Que a Marcha das Vadias venha para o sul também... aqui temos poucas mini saias, devido ao frio, mas temos muitas mulheres, que sofrem agressão mas que se comportam como se elas fossem as erradas.
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