quinta-feira, 7 de julho de 2011

Mulheres... essas Vadias!!!

Estes dias eu estava andando nas ruas próximas da minha casa no meio da manhã, era um dia agradável, um sábado que iniciava com um sol radiante. Alguns metros a minha frente um carro parou e dele desceu uma linda garota, no auge de sua beleza, devia ter seus 18... 19 anos. Ela seguia o mesmo caminho que eu, porém ela estava a minha frente. Andou ainda um 500 metros até entrar no prédio onde morava.
Acreditem, em toda minha vida, nunca havia presenciado tanta tortura e humilhação em tão pouco tempo. Pensei: Puxa!!! TUDO isso em apenas 500 metros?!?!?! A garota muito bem maquiada e com um micro vestido vermelho colado em seu corpo esculpido pela juventude sofreu olhares repudiosos, gritos, assovios e chingamentos de homens e até mesmo de mulheres que por ali passaram. Os termos "gostosa", "tesuda", "pirainha" foram alguns que pude escutar devido a distância que eu estava da garota. Não vou nem entrar em detalhes para os olhares das mulheres, que pareciam estar olhando para um monstro.
Ela baixou a cabeça enquanto andava a passos largos em direção sua casa, como se estivesse cometendo um crime.
Constatei: sábado início da manhã, carona até alguns metros do endereço, roupa de festa... tá na cara que ela está namorando e talvez namorando escondido!!! Voltando de uma noite de muitas alegrias e agitos...típicos da idade.
Pensei: Menor do que as mini saias é o cérebro dos homens...que enxergam neste item do guarda-roupa feminino um motivo para tratar mulheres como putas e vadias. Pior quando não apenas as enxergam como putas e vadias e fritam esse pensamento asqueroso em seus cérebros, mas sim, adotam atitudes animalescas estrupando ou até mesmo violentando mulheres tendo como justificativa as roupas ou o comportamento delas.
Estes quadrúpedes existem aos montes, (os verdadeiros animais desta espécie que me desculpe pela a ofensa) e estão sendo acobertados pelas autoridades de universidades, prefeituras e até mesmo de países inteiros.
Exemplos:
Nos anos 60, a civilizada Paris, tão orgulhosa de sua liberdade, foi o cenário de um ataque delirante a uma jovem que passeava pelo mercado Les Halles de minissaia branca. Os grotescos arrancaram as roupas dela, todas as roupas, e só não a estupraram porque a polícia chegou a tempo. E, no seu depoimento, os valentes representantes do machismo francês alegaram que se a mulher saía assim às ruas é porque desejava ser possuída.
O estupro de jovens em campi universitários não constitui novidade, em quase todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, estuprar colegas chega a ser quase uma tradição. Odiosa e revoltante tradição. No Brasil, já ocorreram dezenas de casos em Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades.
Aqui, as autoridades universitárias, seguindo o exemplo de um ex-presidente da República, costumam fazer de conta que não viram, não ouviram, não sabem e não têm nada a ver com isso. Nos Estados Unidos, as universidades procuram evitar que os casos se tornem públicos. Mas no Canadá, que vive dando lições de modernidade ao resto do mundo, o assunto é tratado com seriedade.
Diante de uma série de casos de estupro no campus, em janeiro deste ano, a Universidade de Toronto decidiu escancarar o jogo e discutir abertamente com a sociedade uma série de medidas de proteção às moças. Mas lá, como aqui, também existem imbecis, e a Universidade convidou um deles para participar dos debates.
O policial Michael Sanguinetti aproveitou a ocasião para tornar público o seu pensamento a respeito do estupro. Na infeliz opinião dele (que um desses quadrúpedes que eu havia mencionado anteriormente), as moças também são responsáveis pelo estupro que sofrem, quando diminuem o tamanho de suas roupas e aumentam o seu poder de sedução.
- Evitem se vestir como putas, se não desejam ser vítimas de estupros. Vocês são estupradas porque se vestem assim.
Só faltou dizer que o estuprador é a verdadeira vítima. E foi ótimo que esse bobão tenha comparecido e falado.
A exibição de machismo explícito do quadrúpede fardado foi como fogo morro acima: milhares de moças de Toronto organizaram e promoveram uma passeata de protesto, denominada por elas de "Marcha das Vadias", para informar a sociedade sobre os perigos que correm no campus e na cidade.
Com o nome de Marcha das Putas, das Prostitutas ou das Vadias, manifestações semelhantes contra a violência sexual estão ocorrendo em outras regiões do mundo: Estados Unidos, Austrália, Europa e, agora, em Buenos Aires, São Paulo e Distrito Federal
No Rio Grande do Sul o frio de quase seis meses não permite que meninas usem seus micro vestidos e mini saias além de ocasiões especiais, como aquela em que presenciei. A jovem voltando de uma balada com seu pequeno modelito sendo violentada verbalmente nas ruas do centro da cidade.
E mesmo assim os estrupadores, agressores e grosseiros homens estão ai, atacando as "vadias".
Que a Marcha das Vadias venha para o sul também... aqui temos poucas mini saias, devido ao frio, mas temos muitas mulheres, que sofrem agressão mas que se comportam como se elas fossem as erradas.

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